Tendência veraneia em
destaque nacional e mundo afora, a despeito do nome, o chapéu Panamá, é
fabricado no Equador, conhecido por lá como "El fino". A palha,
matéria-prima do chapéu, é tecida sempre em tramas fechadas, tendo como
característica marcante, a cor clara, variando em diversos formatos.
Com o calor e clima
enebriante da estação das paixões arrebatadoras, o "acessório panamá"
complementa o visual daqueles que procuram aliar o bem estar ao charme da moda
contemporânea. Tendência unissex, de estilo despojado e chic, os chapéus panamenses
podem ser utilizados em integração harmônica com diversas outras tendências
veraneiras, tais como, estampas florais, vestimentas minimalistas, tecidos
monocromáticos, cortes largos ou justos, curtos ou longos, lavagens em denim,
combinações navy, tie dye e etc.
Sua origem histórica
como marco de moda, remonta à primeira década do século passado, mais
precisamente em 1906, quando, numa visita ao Panamá, Theodore Roosevelt,
presidente norte-americano, desfilou pelo canal utilizando o chapéu em questão.
Em razão deste episódio, simples, porém marcante, o chapéu passou a ser
denominado "Panamá". Durante o
período da Segunda Guerra Mundial, o uso deste acessório de moda popularizou-se
na América, como item de veraneio, largamente utilizado por homens da alta sociedade,
denotando o garbo e elegância de seus usuários.
Desde sua primeira
"aparição" em 1906, o chapéu panamá já fora utilizado por diversas
personalidades reconhecidamente notórias do século passado, quais sejam:
Winston Churchill, Kemal Atatürk, Harry Truman, Getúlio Vargas e Tom Jobim. No
entanto, um dos pioneiros a aderir a tendência panamá, foi Santos Dumont, que
já usava o seu em 1906. Hollywood também comprou a idéia veraneia do chapéu e,
galãs como Humphrey Bogart e Clark Gable também desfilaram com os seus.
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Getúlio Vargas |
No Brasil, a
utilização e status do chapéu panamá vai além do conceito de "moda pela
moda", sendo também reconhecido como ícone de destaque entre segmentos
religiosos e de costumes locais. No
entanto, para o devido alcance acerca da abrangência deste "simples"
acessório de moda, iremos retornar a década de 40, mais precisamente ao ano de
1942.
A década de 40, no
que tange a sua primeira metade, foi marcada pelos esforços diplomáticos no
sentido de reunir um maior número de países aliados com o fim de derrota do
regime nazista e, por consequência, término da Segunda Guerra Mundial. Neste
contexto, em 1942, Wlat Disney, numa turnê pela América Latina historicamente conhecida como "Good
Neighbor Policy" ou Política da Boa Vizinhança, visitou o Brasil e ficou
hospedado no hotel Copacabana Palace, na cidade do Rio de Janeiro.
O desenhista,
multimilionário e maçom poderoso, durante sua estadia na cidade maravilhosa,
declarou seu encantamento e paixão com o ritmo carioca de alegria, samba,
boêmia e malandragem. Dessa forma, como "presente" a receptividade e
alegria dos cariocas, Walt Disney criou, na varanda do hotel, um novo
personagem Disney, de desenho animado, o Zé Carioca.
A intenção do
ocultista, mais do que desenhista, Walt Disney, na criação do papagaio falante
era a de representar, através de suas animações, o esteriótipo do brasileiro,
mais especificamente, do carioca e suas crenças. A razão da escolha por um
papagaio falante é de simples entendimento: o sr. Mickey ficou impressionado
com o número de piadas de papagaios falantes que rondavam nos círculos sociais,
daí a idéia de um papagaio que fala. No entanto, outras características do
pássaro animado, vão além dos princípios de anedotas populares. O espírito do
personagem deveria conotar o que mais encantou e chamou a atenção do desenhista
em sua breve passagem pelo Brasil. Zé Carioca, além papagaio, tinha outros
traços marcantes que não a fala; quais sejam: o chapéu panamá, a roupa vermelha
e branca, o pandeiro, o guarda-chuva bengala e seu estilo "malandro"
de ser.
Ora, através desta
descrição, não há como discordar de que o papagaio, Zé Carioca, até no próprio
nome, confunde-se com a identidade do "malandro" Zé Pelintra,
personagem folclórico e espiritual das mitologias afro-brasileiras e regionais
da umbanda e do catimbó (ou catimba) não vinculado a entidades de cunho
negativo.
Considerado,
especialmente entre os umbandistas, como o espírito patrono dos bares, locais
de jogo e sarjetas, "Seu Zé" é uma espécie de transcrição arquetípica
do "malandro". No seu modo de vestir, Zé Pelintra é representado
trajando terno completo na cor branca, sapatos de cromo, gravata grená ou
vermelha e chapéu panamá de fita vermelha ou preta. Sempre boêmio, alegre e
faceiro, o malandro "Seu Zé" é marcado por sua ginga no samba e
molejo carioca, "papo doce", estilo galanteador e gíria popular.
Desta forma, além de
emblema político, marco de moda ou acessório de status social, o chapéu panamá,
ainda que fabricado no Equador, possui facetas e simbologias diversas no
contexto da moda, política, religião e estilo de vida.
Fonte: Girly
Stuffs.com
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