Linha e Arquétipo dos Malandros
Seu Zé Pelintra onde é que o senhor mora...
Eu não posso te dizer, porque você não vai me compreender...
Eu nasci no Juremá, minha mora é bem pertinho de Oxalá!
Din din din, din din din, risca o ponto!
Malandro cruzado no meio do terreiro chegou,
chegou Zé Pelintra que veio do lado de lá,
fumando e bebendo gritando vamos saravá!
Saravá a todos do lado de cá!
Saravá Umbanda, o Catimbó, as Macumbas e o Candomblé!
Salve aqueles que são de salve e aqueles que não o são!
Seu Zé Pelintra onde é que o senhor mora...
Eu não posso te dizer, porque você não vai me compreender...
Eu nasci no Juremá, minha mora é bem pertinho de Oxalá!
Din din din, din din din, risca o ponto!
Malandro cruzado no meio do terreiro chegou,
chegou Zé Pelintra que veio do lado de lá,
fumando e bebendo gritando vamos saravá!
Saravá a todos do lado de cá!
Saravá Umbanda, o Catimbó, as Macumbas e o Candomblé!
Salve aqueles que são de salve e aqueles que não o são!
De tanto que somos marginalizados por aqueles que deveriam era nos
prestar reverência ou mesmo o respeito por estarmos tão próximos para o que der
e vier. Nós os “malandros” do astral fomos confundidos com os marginais do
além.
Para quem ainda não entendeu, os Zés da Umbanda são espíritos comuns a
cada um de vocês. Humanos por natureza, errantes, com defeitos e virtudes que
na bondade do Criador podemos interagir com nossos companheiros encarnados afim
de na troca de experiências agregar luz e evolução na história de cada um.
Zé Pelintras, Zé Navalha, Zé da Faca e tantos “zés” formam esta corrente
ou linha de trabalho que chamamos de Linha dos Malandros. Justamente pela falta
de informação fomos chegando na Umbanda de “fininho” na boa malandragem pra não
incomodar ninguém. Quando “batíamos na porta” de um terreiro que nos
desconhecia, se era da percepção do dirigente que devíamos manifestar na linha
dos exus, assim fazíamos se pensavam que éramos baianos, tudo bem, ali
estávamos. Entre acertos e erros, contradições e tradições fomos sendo aceitos,
percebidos e procurados. No entanto engana-se aquele que pensa que surgimos do
nada ou para nada, não, não. Já bem antes da Umbanda estávamos lá comandando o
Catimbó, muitos ainda estão, diria que esta é nossa origem, mas como afirmar a
origem daquele que não é original, pois é, somos o retrato da miscigenação
racial e cultural que impera em todos os cantos deste Brasil, terra de Deus!
Somos aclamados como doutor, curador, conselheiro, defensor das mulheres
e dos pobres. Por outro lado também somos rechaçados e “exterminados” na
consciência de alguns que insistem em nos colocar no patamar dos “demônios” e
espíritos viciados e aloprados. Ora, este que nos maldiz é aquele mesmo que
nada entendeu sobre Deus e seu amor na Sua Criação! Deixe que falem, desde que
fale.
O certo é que somos o retrato e a realidade da classe menos
favorecida, somos a periferia, os menos favorecidos, os esquecidos, aqueles que
se não é o jogo de cintura da criatividade humana, jamais persistiria vivendo,
entende agora o que é nossa malandragem? Também digo que vivemos na periferia
de Deus, claro, ainda temos muito que fazer para ir até o centro. E daí? Tá
tudo certo camarada. Sabemos a que estamos e livre das ilusões que tanto aplaca
a mente de vocês encarnados. Olha, sabe de uma coisa? É bom demais o lado de
cá!
Dos Catimbós do Nordeste aos terreiros de Umbanda de todo Brasil! Isso é
ascensão...
Por fim camarada, tenha em mente que estamos para ajudar a quem queira.
Defendemos sim os mais pobres e sofredores, pois sabemos o que é a dor da fome
e da perdição. Secaremos sempre as lágrimas daqueles que sofrem e isso basta.
Dentro do meu chapéu levo meu mistério, na fumaça de meu charuto
transporto minha magia, na gargalha encanto meu povo, no meu terno branco
reflito o que sou e na minha gravata vermelha quebro o mal olhado na força de
Ogum!
Para aqueles que nos abrem alas, obrigado!
Nota do médium: Salve sua força camarada! Pois é leitor, a Linha dos Malandros, como
posso dizer é bem nova neste formato organizado, no entanto de forma esparsa e
independente estes companheiros já se manifestam na Umbanda há muito tempo e
são anteriores ao surgimento da religião. Detendo grande importância nos
Catimbós e Macumbas Cariocas. São “mandingueiros” do bem e manifestam um
incrível senso de humor em suas manifestações. Chamam logo atenção de todos e
arrebanham facilmente pessoas ao seu convívio.
Seu arquétipo é da classe social mais sofrida e menos abastada. Retratam
mesmo aqueles que viveram no morro, na marginal, na periferia. São
marginalizados, no entanto não são marginais. Exemplo daquele que apesar
do sofrimento e das dificuldades teve sabedoria para tirar humor da dor e
driblar o baixo astral.
Defensores naturais das mulheres que sofrem com o aprisionamento
machista parecem até galanteadores, mas nunca perdendo o bom senso do respeito.
Estão afinados com a classe a qual formam seu arquétipo.
Mandingueiros, sabem muito bem como combater as Trevas e desmanchar
feitiçarias e magias negra.
Não são baianos, não são nordestinos, não são rótulos, pois são o que
são, um agrupamento de espíritos que tiveram a experiência de pobreza ou algo
do tipo por todo esse país, que depois do desencarne e já conscientizados
tiveram a oportunidade de retornarem nos cultos mediúnicos para continuar o
progresso evolutivo.
Por Rodrigo Queiroz
Ditado por José Pelintra
(Este texto compõe o material de apoio para o
curso on-ine "ARQUÉTIPOS DA UMBANDA")
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